Uma guerra tem sempre efeitos devastadores em todos os sectores da sociedade e a recente invasão da Rússia à Ucrânia, no último dia 24 de fevereiro, não é exceção.
Para além da natural crise humanitária que o conflito já provocou, os efeitos económicos serão igualmente profundos, tanto nos países envolvidos como em toda a europa e mesmo em todo o mundo.
Não é por acaso que o FMI já veio a publico alterar para o “impacto severo” que isso vai ter na economia global.
“As previsões são de Philip Lane, mas ainda são preliminares: PIB da Zona Euro pode cair 0,3% a 0,4% num cenário moderado, e 1% num cenário severo, com guerra na Ucrânia"
Quais os efeitos em Portugal?
Em Portugal, esses efeitos já se começaram a verificar no aumento do preço da energia, dos combustíveis e do gás, por exemplo.
Mas certamente que não se ficarão por aí. E um dos sectores que mais se ressentirá será o mercado imobiliário, para o qual a Rússia tem contribuído significativamente nos últimos anos.
De acordo com os dados oficiais, em 2020 o investimento russo no mercado imobiliário em Portugal cifrou-se em 37 milhões de euros, o que representa entre 5 a 7 por cento do investimento estrangeiro total que entrou no nosso país.
A incerteza é ainda muito grande no que diz respeito ao alcance desse impacto. Mas sabemos já que o mercado imobiliário em Portugal não irá sair incólume desta guerra.
Será certamente um sector da economia nacional que entrará em contração, se bem que não sabemos quanto nem até quando. No entanto, existem várias outras coisas que podemos antever.
E os especialistas do sector já começaram a tomar precauções nesse sentido.
Aumento dos preços
Nos últimos anos, vários fatores têm contribuído para uma escalada do preço das matérias primas, com foi o caso da pandemia provocada pelo novo coronavírus ou mesmo o acidente no canal do Suez.
A guerra na Ucrânia vai então acentuar ainda mais esta aumento do preço e, se nos combustíveis, isso já é visível e expectável, rapidamente se refletirá nas restantes matérias primas.
Naturalmente, isso vai afetar o mercado imobiliário, levando à contração do investimento.
Se 2021 representou uma ligeira melhoria em relação a 2020, 2022 deverá voltar a significar um ano de perda.
Afinal de conta, os mercados europeus ficarão mais expostos, até porque as importações dependem em muito da Rússia, especialmente em sectores como o energético.
Isso vai afetar a inflação, o poder de compra das famílias e a competitividade das empresas europeias. Não é de admirar, portanto, que a união europeia já tenha revisto em baixa a previsão do PIB para a zona euro.
Vistos Gold
Os vistos Gold têm aberto à porta a muito investimento russo em Portugal através do mercado imobiliário.
Segundo os dados oficiais conhecidos, em Portugal existem 431 vistos Gold atribuídos a cidadãos russos, que assim se torna no quinto país mais representado em território nacional no que diz respeito a este tipo de autorização de residência.
Afinal de contas, um visto Gold é extremamente apetecível para cidadãos extracomunitários, já que assim ganham liberdade de movimentos dentro do espaço Schengen e não só.
Estamos a falar de um investimento de 4 milhões de euros, o que irá certamente mudar após o conflito na Ucrânia e as sanções à Rússia.
Aliás, uma das medidas tomas pela união europeia foi o congelamento dos fundos dos vários oligarcas que têm ligações próximas ao governo de Vladimir Putin.
É, por isso, bastante previsível que isso vá afetar também o investimento dos outros empresários russos em Portugal, até porque estes deverão vir a ser classificados como clientes de alto risco ao abrigo da lei de anti branqueamento de capitais.
As sanções impostas à Rússia
Para já, a invasão russa à Ucrânia levou a união europeia, os estados unidos e o reino unidos a aplicarem rígidas nações económicas à Rússia.
Assim, foram congelados os bens de 351 membros do governo russo e a outras 27 pessoas, entre eles empresários e milionários com investimentos no estrangeiro.
Além disso, foram levantadas restrições às relações económicas com as zonas não controladas pelo governo ucraniano, nomeadamente Donetsk e Lugansk. Finalmente, foram também estabelecidas restrições de acesso da Rússia aos mercados europeus.
Além disso, depois de muita pressão do governo ucraniano, a união europeia também retirou sete bancos russos do Shift, o sistema de alta segurança que permite transações financeiras globais com segurança e eficácia.
É certo que os dois maiores bancos russos mantém-se na lista, mas isso irá afetar profundamente a economia do pais e, consequentemente, a economia do mundo ocidental. Nem que seja porque 40 por cento do gás consumido na europa tem origem na Rússia.
Dito isto, é obvio que a Guerra vai afetar o mundo inteiro. Só falta saber até que ponto. Teremos que esperar para ver.
"Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem. - Jean-Paul Sartre - Filósofo
Gaiacasas
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